terça-feira, 23 de janeiro de 2018

DISCURSO DE POSSE - confrade Jadson Luís Rebelo Porto

Jadson Luís Rebelo Porto


Curitiba, 24 de novembro de 2017
Boa Noite!
Foi com muita honra que recebi a notícia da indicação de meu nome para integrar à Academia de Letras José de Alencar.
Agradeço, inicialmente a Deus pela graça alcançada; à acadêmica Ariadne Zippin, pela minha indicação; à Academia de Letras José de Alencar,
pela oportunidade; e à Universidade Federal do Amapá, por criar todas oportunidades pelas condições de avançar nas pesquisas,
como também para a publicação de seus resultados.
Ao receber a notícia de minha indicação a esta nobre Academia, lembrei-me das primeiras
palavras de José de Alencar em sua obra "Iracema", escrita em 1865:
Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; Verdes mares que brilhais como
líquida esmeralda aos raios do Sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros.
Serenai verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas.
Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela?
Sou natural de Santarém, município paraense situado à margem direita da foz do rio Tapajós, encontrando com o rio Amazonas.
Não saí de Santarém pelos mares.
Saí pelo rio! As praias santarenas são alvas e as suas águas são de cor esverdeada. A distância de uma margem a outra no encontro dos rios
Tapajós e Amazonas chegam atingir 20 km no período de cheia. O rio Amazonas, já foi denominado de "Mar Dulce", devido às suas dimensões.
Já enfrentei os banzeiros amazônicos, que são ondas bravias em períodos de ventos e chuvas fortes, cujos transportes
fluviais ainda apresentam forte influência nas dinâmicas social, econômica e cultural da região.


Um dos mais importantes intérpretes da Amazônia, Leandro Tocantins, em 1952, assim denominou a sua obra mais impactante:
"O rio comanda a vida". Nesta obra, o autor identifica a importância e a influência dos rios amazônicos na vida dos povos ali residentes.
O rio que outrora separava regiões, é o mesmo rio que integrava as suas riquezas ao resto do mundo.
Meu barco aventureiro navegou! Tive a oportunidade de morar em 10 cidades brasileiras das regiões Norte, Centro-Oeste,
Sudeste e Sul, como também em Coimbra (Portugal) e Rio Gallegos (Argentina).
Com isso, pude vivenciar uma série de experiências regionais que corroboraram para a minha formação profissional. Sou Geógrafo.
Os ventos que sopram minhas velas são oriundos de três fontes: dos meus mestres, que com suas perguntas me estimularam
a elaborar novas perguntas; dos livros, que com suas palavras e expressões, me ensinaram a observar, questionar e refletir;
e dos meus alunos, que com suas perguntas buscam repostas.
Neste navegar, ancorei na foz do rio Amazonas, esquina com a linha do Equador, como relata nosso poeta amapaense
Zé Miguel. Meu trapiche é na Universidade Federal do Amapá.
Meu porto seguro é onde minha família está. Agradeço àqueles familiares que sempre e em todos os dias acompanham este
barco aventureiro que resvala pelos mares e por me proporcionarem a enseada que me proteje da vaga impetuosa que
expôs José de Alencar acima:  Eunice Porto, Jorge Porto, Júnia Silva, Adriana Porto, e aos meus filhos Ana Girassol e Ivan Luís.
E para finalizar estas breves palavras, agradeço a confiança que depositam em meu nome para integrar esta ilibada Academia.
Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela?
Perguntou nosso escritor mór. Nesta minha navegação, que não saiu do Ceará, mas do Pará, não sei respondê-lo!
Mas eu consegui chegar em Curitiba. Bons ventos aqui me trouxeram.

Muito obrigado.

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