sábado, 4 de fevereiro de 2017

A DUALIDADE DO SER... A OUTRA FACE!

A DUALIDADE DO SER... A OUTRA FACE!
Somos o que somos? E o que somos? Bipolares? Tripolares? Entes polares ou... Entre polares?
Ontem foi um dia “daqueles”! Assisti a um programa na televisão falando sobre agorafobia. Agorafobia vem do grego (ágora - assembleia; reunião de pessoas; multidão + phobos – medo) e é originalmente o medo de estar em espaços abertos ou no meio de uma multidão. Em realidade, o agorafóbico teme a multidão pelo medo de que não possa sair do meio dela caso se sinta mal e não pelo medo da multidão em si. Muitas vezes é sequela de transtorno do pânico. Quando o medo surge é difícil saber se estamos tendo um ataque de pânico ou agorafobia, porque ambos têm quase os mesmos sintomas. Parecia que nada iria dar certo. O dia passou e a noite chegou mais amena. Demorei a dormir, tendo conseguido já na madrugada de hoje. O sono vem “com tudo” bem na hora de levantar. Para quem tem hora, é claro! Quem não tem horário a cumprir pode ficar com as juntas encrencadas de tanto ficar na cama. Por razões da dinâmica de ir e vir, o novo dia foi bem diferente do anterior. Mas até que isso acontecesse, foram horas de elucubrações quase psicodélicas. Lisérgicas eu diria!
Como venho dedicando-me a escrever já há algum tempo, fiquei me perguntando sobre a minha identificação com o relato de uma personagem do romance de Khaled Hosseini, “O silêncio das montanhas”. A personagem Nila Wahdati era escritora, escrevia poemas. Ela dizia que não se orgulhava de seus poemas. Fiquei com “meus botões” imaginando se seria o mesmo comigo. Não que eu escreva poemas... Mas escrevo! E basta por enquanto! A personagem pondera sobre conseguir distanciar o seu trabalho do próprio processo criativo. Aí é que me veio o questionamento.
Ela, respondendo a uma entrevista, disse:
Eu vejo o processo criativo como um empreendimento necessariamente desonesto. Aprofunde-se num lindo texto escrito, monsieur Boustouler, e vai encontrar todos os tipos de desonra. Criar significa vandalizar a vida de outras pessoas, transformando-as em participantes involuntários e inconscientes. Nós roubamos desejos alheios, seus sonhos e embolsamos seus defeitos. Pegamos o que não nos pertence. E fazemos isso conscientemente.”
É a compulsão que a dominava... E me domina!
Ainda lépido, na madrugada que parecia não ter fim, lembrei-me de Mario Quintana escrevendo:
“... Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que acho que nunca escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto superação”.
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Monumento a Mário Quintana (dir.) e Carlos Drummond de Andrade, na Praça da Alfândega de Porto Alegre, obra de Francisco Stockinger.
Levantei... Fiz alguma coisa... Voltei ao travesseiro, esteio dos meus pensamentos de vigília noturna.
Sim, como poderia escrever algo para ser “bem lido”? Que me satisfizesse o amago do ego?
Acabara de ler um livro de Elie Wiesel, “Uma Vontade Louca de Dançar”, onde ele preconiza que “... Quando a gente chora, não choramos pelos outros e, sim por nós mesmos”.
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Elias "Elie" Wiesel (Sighetu Marmaţiei, 30 de setembro de 1928) é um judeu sobrevivente dos campos de concentração nazistas, que recebeu o Nobel da Paz em 1986 pelo conjunto de sua obra de 57 livros, dedicada a resgatar a memória do Holocausto e a defender outros grupos vítimas das perseguições.
Consequentemente, mergulhamos nas profundezas do egocentrismo e do interesse como mola mestra das nossas boas ações.
Agora a coisa encrencou de vez!
Já num limbo literário meu avô José Alzamora me apareceu, em dimensão mística e cósmica, com um exemplar do livro de Menotti Del Picchia.
Meu avô adorava fazer citações. Acho que estou incorporando-o!
Em “OBRAS COMPLETAS – CONTOS – 1946”:
“No fundo de cada renuncia há um interesse. Quando um mal se torna bom, sua bondade é um disfarce acidental da sua perfídia: é uma metamorfose meramente formal da maldade assim transmudada pelo interesse. Uma generosidade que se faz mais intensa, um perdão que varre uma culpa, tudo encapota o interesse. Raspe-se a casca de qualquer ação humana que, no fundo, encontra-se o interesse...”.
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Menotti Del Picchia
Paulo Menotti Del Picchia (São Paulo, 20 de março de 1892 — São Paulo, 23 de agosto de 1988) foi um poeta, jornalista, tabelião, advogado, político, romancista, cronista, pintor e ensaísta brasileiro.
No ensaio da vida, percorremos caminhos onde encontramos tudo, que existe no universo, aos pares. Nada existe sem seu oposto.
O bem e o mal, o claro e o escuro, o dia e a noite, a alegria e a tristeza o tudo e o nada, a dinâmica e a estática e etc...
Porém alguns mistérios, e por serem mistérios não são explicados, se apresentam em incógnitas.
Na lei da dualidade, assim como na da lei ação e reação, duas situações não apresentam seus reais opostos.
Uma delas é a questão da dinâmica e da estática. No universo tudo vibra e está em movimento.
As leis da estática foram formuladas por Albert Einstein para justificar a referida dualidade dos opostos.
Se não houvesse isso, haveria o desequilíbrio.
A outra é retórica. É no mínimo intrigante pensar o que ocorre na dualidade “tudo /nada”.
No tudo, pode-se considerar a presença do nada (Se é tudo, até o nada faz parte).
No nada, o tudo não existe (Ou não faz parte). No nada não existe nada.
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Albert Einstein
É conhecido por desenvolver a teoria da relatividade.
Acho que ando meio “relativista” mesmo!
Assim, nos tornamos eternos buscadores e não nos incluímos na teoria estática de Einstein.
Sempre estaremos num movimento continuo, até mesmo com a transição da alma.
Como meu pensamento vaga... Que vague com AMOR!
Assim conclamo o poeta maior... Quem sabe?
Ninguém melhor que Carlos Gomes!
Tão longe de mim distante
Onde irá, onde irá teu pensamento
Quisera, saber agora
Se esqueceste, se esqueceste
Quem sabe se és constante
Se ainda é meu teu pensamento
Minh'alma toda devora
Dá a saudade dá a saudade agro tormento
Tão longe de mim distante
Onde irá onde irá teu pensamento
Quisera saber agora

Se esqueceste se esqueceste o juramento!

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