quinta-feira, 28 de julho de 2016

prefácio (apresentação) do livro (guia) da historiadora Márcia Medeiros escreveu para o Museu do Expedicionário

hamilton bonat

04:42 (Há 6 horas)
para
Caros Confreiras e Confrades,
Segue o meu prefácio (apresentação) do livro (guia) da historiadora Márcia Medeiros escreveu para o Museu do Expedicionário.
Abraços. Hamilton
 

Apresentação



O passado não é um bom lugar para se viver, mas convém visitá-lo de vez em quando. É ao que, com esta importante obra, nos convida Márcia Medeiros. Aliás, o convite não é apenas dela. Também é dos 1548 paranaenses que atravessaram o Atlântico para lutar na Itália. Eles ficam muito felizes sempre que sua Casa é visitada, pois têm a oportunidade de contar um pouco da sua história, verdadeira epopeia, se tivermos em conta que o Brasil era preponderantemente rural quando, na década de 1940, foi levado a combater ao lado de potências mais desenvolvidas e industrializadas.

Pois nossos pracinhas foram e não fizeram feio. Ao contrário, cobriram-se de glórias e tornaram-se admirados, especialmente pelo povo italiano que, agradecido, lhes dedicaria belíssimos monumentos, erguidos por onde eles haviam passado.

O Museu do Expedicionário é um patrimônio, ao mesmo tempo, material e imaterial, de Curitiba. Localizado na praça do Expedicionário, guarda valioso acervo das três Forças, inclusive um avião, que faz com que o seu endereço seja mais conhecido como a “praça do avião”. Conta com materiais da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, como que para lembrar que as três Forças participaram da Segunda Guerra Mundial e, de certa forma, reavivar o compromisso do Brasil, consigo mesmo, de não empreender guerras de conquista; mas que é imperativo preservar o que temos de mais sagrado: nosso território, nossa gente e nosso legítimo direito de autodeterminação.

A imaterialidade se percebe na letra do hino, de onde destaca-se o refrão: “Por mais terra que eu percorra, não permita Deus que eu morra, sem que volte para lá...”. Trata-se de belíssimo poema de Guilherme de Almeida, um misto de saudade, incentivo e esperança de voltar. Esperança em vão para 28 paranaenses, cujos nomes encontram-se eternizados no museu, que deixaram suas jovens vidas no campo de batalha.

Igualmente imaterial é a sensação de que em suas diferentes salas encontram-se os mais puros sentimentos que habitam a alma brasileira – solidariedade, harmonia e respeito entre todos os povos – os mesmos que acompanharam os pracinhas até a Itália, onde lutaram pela liberdade. Seu exemplo é estímulo para continuarmos a conquistar o mesmo ideal, regando a liberdade todos os dias, a fim de que cresça forte e rija, de forma que totalitarismo algum, de nenhum matiz, consiga derrubá-la.

Mas o que levou o Brasil, nação de um povo de índole pacifista, a enviar mais de 25 mil jovens para combater durante a violenta Segunda Guerra Mundial?

Essa e outras perguntas encontram resposta no Museu do Expedicionário, cujo rico acervo relembra e homenageia os paranaenses que partiram em direção a um perigoso e traiçoeiro desconhecido. Um simples passeio por ele revela um pouco do frio que sofreram, da saudade que sentiram, do medo que passaram e do seu orgulho pela vitória alcançada.  Na imponência do estilo do prédio que o abriga, está a síntese de sua história, que, agora, este catálogo torna mais completa.

Ao contrário do que se possa imaginar, esta obra de Márcia Medeiros, da mesma forma que o museu a que ela se refere, não faz apologia à guerra. Seu significado é exatamente o oposto. A ideia que Márcia transmite é de paz. Com a competência da historiadora que é, ela deixa às futuras gerações a mensagem de que ele é dedicado a jovens paranaenses que atravessaram mares e oceanos, para, com seu generoso sangue, assinarem o tratado de paz.

Aceite o convite. Visite a Casa do Expedicionário. Assim, você conhecerá melhor a verdadeira dimensão da epopeia dos nossos valorosos Pracinhas.



General-de-Brigada Hamilton Bonat, membro da Academia de Letras José de Alencar.

Cidade das memórias


Cardoso Filho

          O sonho vinha de longe. Haveria de voltar para sua terra natal, mesmo que na velhice. Lá é que fora um tempo feliz. Lembrava-se do calor, da claridade dourada, da intimidade que a cidade pequena gerava, em que a todo momento, nas calçadas, nas esquinas, nos bares, nas vendas, amigos e conhecidos se encontravam, trocavam notícias e riam com as pilhérias do dia a dia local. O mundo de fora contava pouco. A cidade tinha identidade própria, seus usos e costumes e suas gírias, e para acompanhar o que de importante ocorria lá fora bastava ler de vez em quando um jornal atrasado, folhear a revista semanal “O Cruzeiro” ou ouvir pelo rádio, à noite, o “Grande Jornal Falado Tupi”, irradiado pela Tupi do Rio de Janeiro, ou as edições diárias do “Repórter Esso”, da Rádio Nacional, anunciado por Heron Domingues como “testemunha ocular da História”.
          Pois a hora chegara. Maria Alice sabia do projeto desde o começo, não discordava e não lhe faria muita diferença. Também viera do interior, de pequena localidade de Minas Gerais, seria fácil adaptar-se, e deixar a cidade grande chegava a ser alívio. Nada como sossego na etapa derradeira, o custo de vida menor, poderiam conservar as economias juntadas anos a fio e garantir a tranquilidade. E começaram a planejar a grande mudança. Venderiam o apartamento, o momento até ajudava para negócio, e comprariam uma casa na cidade de Alfredo, com quintal, pois ele queria um cachorro, já tinha até nome escolhido para o bicho, um boxer que chamariam de Átila.
          Viajou sozinho para a terra natal. Sondaria o negócio da casa. Se não desse para comprar logo, alugaria uma. Sem exageros, sem luxos, seria só para os dois e o cão, bastavam até dois quartos, um para a visita de algum filho. Mas quintal seria indispensável, e haveria de ter mangueira, abacateiro, laranjeira, goiabeira e um limoeiro de limão rosa. Se não existissem, plantariam. Chegou de madrugada. O ônibus estacionou na estação rodoviária, construção modernosa, feia e malcuidada. Teria preferido o ponto antigo, sem o progresso que, podia ver, atrapalhara. Na falta de táxi, dirigiu-se a pé ao hotel indicado como melhor da cidade. Não passava de regular, mas não moraria no hotel e relevou o detalhe. Deitou-se para dormir. Bem descansado, iniciaria a visita e a sondagem de casa para comprar ou alugar. Logo adormeceu, e sonhou com lembranças da adolescência, e no sonho reviu a cidade que conhecia tão bem.
          Tomou banho sob um chuveiro elétrico precário, econômico na água, mas o tempo estava bom, sob o calor de setembro, e suportou o desconforto. Aprontou-se e saiu a andar pelas velhas calçadas, tão familiares. Sentiu a emoção do reencontro. Fazia muitos anos que não pisava naquelas pedras. E caminhou em busca dos cenários conhecidos e de velhos amigos. Baixou-lhe, então, sensação de estar em mundo alheio. Olhava para cá, olhava para lá e não via a sua cidade. Não topava com amigos. Gente desconhecida passava sem o notar. Mais um entre tantos. Nada de bons-dias corteses, de acenos de cabeça. Com custo, encontrou Salvador, um dos amigos de sua época, de sua geração. Envelhecido demais, tossindo muito, uma tosse feia e gorgolejante por causa do fumo. Talvez ele, Alfredo, apresentasse desgaste igual, imperceptível ao olhar diário no espelho, mas Salvador, revisto de repente, tanto tempo depois, era a velhice estampando, num só golpe, a inteireza do trabalho avassalador de todos aqueles anos. Perguntou por outros amigos. Maioria tinha partido, informou Salvador, o restante saía raramente de casa, entretido na televisão. Conversaram pouco mais, haveriam de se ver outra vez, e Alfredo seguiu em frente. E mais andava e mais sentia a solidão. À sua volta, a cidade trepidava sob o sol da manhã, cheia do barulho de carros e motocicletas, e ele buscava sem sucesso a cidade pequena que deixara.
          Ficou ali dois dias, mais que suficientes para descobrir que a terra que guardara no coração e na lembrança se fora. O rolo compressor do tempo passara por cima. Sobrara bem pouco. Tomou o ônibus de volta, chegou em casa, abatido, Maria Alice veio ao seu encontro ansiosa pelas notícias. “E então?”, quis saber, e Alfredo, sob a tristeza e amargura de sonhos desfeitos, respondeu-lhe que esquecesse dos planos. Terminariam os dias na cidade grande. Abraçou-a e resignou-se: “Sabe, Maria Alice, o passado não volta”.


Julho de 2016

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Ética – um argumento oportunista?



Ética pressupõe a existência de um padrão moral. Qualquer organização inclusive quadrilhas, famílias, ONG, empresas e até o próprio indivíduo (principalmente) desenvolvem seus códigos morais. De forma consciente ou não vamos estabelecendo conscientemente ou não limites ao que outros dizem, lemos, sabemos e queremos. É fácil falar em ética e moral, basta, entretanto, conhecer melhor as pessoas que usam e abusam dessa condição de existência para perceber a falsidade de gente “acima de qualquer suspeita”.
Heidegger[1] (Introdução à Filosofia) coloca uma definição de estar aí, tempo – lugar, como “estar aí” definição de existir, em contraposição de “eu penso, logo existo” (Descartes)[2]. Nessas condições sentimos que a moral e a ética são atributos e conceitos circunstanciais que desafiaram grandes filósofos.
 Nem todas as atividades humanas, contudo, são baseadas em valores morais razoáveis, mais ainda quando a moral estabelecida consensualmente é hostil ao indivíduo, o que é fácil de acontecer diante das muitas crenças e formas de viver, crises, guerras, miséria, perseguições etc.
Existem, contudo, atividades e ambientes onde a moral é firmemente estabelecida e até razoável.
Muitas situações dependem de credibilidade mútua, faltando esse respeito a pessoa ofendida pode alegar rompimento de um código de ética. Assim uma forma agressiva contra qualquer pessoa é dizer que faltou à Ética, disso ou daquilo, deste ou daquele modelo. O que se percebe, contudo, é que esse dardo é frequentemente usado contra desafetos, inimigos, obstáculos a conveniências, vinganças, ofensas e compromissos impossíveis.
É extremamente importante conhecer bem as pessoas quando colocam questões eventualmente confusas, de muitas interpretações possíveis. No ambiente político, por exemplo, podemos ver diariamente o desprezo por qualquer tipo de moral, ética, padrão justo de comportamento. Os fins justificam os meios[3]? Não raramente pessoas de destaque praticamente agridem seus eleitores tomando decisões absolutamente contrárias a programas de partidos e aos seus discursos de campanha.
A democracia criou Cortes e cortesãos...
De modo geral, contudo, para qualquer ser humano a preocupação com a ética é função do que estiver em jogo.
Poucas pessoas poderão dizer que respeitam rigorosamente figurinos morais, que têm ética definida e consciente e não a transgredem. Nada é mais distante da moral e da ética que o jogo sexual, sedução, vida profissional etc..
Com a mesma facilidade com que acusam, escondem o que fazem.
Bertrand Russell (Bertrand Russell) em sua luta por uma sociedade justa e feliz teve imensas dificuldades de sobreviver diante do radicalismo de uma sociedade conservadora, ganhou um espaço justo e merecido na galeria dos grandes pensadores e ativistas políticos[4].
Do blog Paulopes (Lopes) temos um excelente resumo de suas orientações:
1 - Não tenha certeza absoluta de nada.

2 - Não considere que valha a pena esconder evidências, pois elas inevitavelmente virão à luz.

3 - Nunca tente desencorajar o pensamento, pois assim com certeza obterá sucesso. 

4 - Quando encontrar oposição, mesmo que seja de seu cônjuge ou de suas crianças, esforce (sic) para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, porque uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória.

5 - Não tenha respeito pela autoridade dos outros, porque há sempre autoridades contrárias.

6 - Não use o poder para suprimir opiniões que considere perniciosas, pois as opiniões vão lhe suprimir.

7 - Não tenha medo de possuir opiniões excêntricas, porque todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.

8 - Encontre mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, porque, se valorizar a inteligência, chegará a um acordo proveitoso e profundo.

9 - Seja escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentar escondê-la.

10 - Não tenha inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.

Fã de Bertrand Russel desde o primeiro livro que li e perdi (emprestando) na década de sessenta tenho por esse filósofo tremenda admiração e o lamento de que sejam tão raros aqueles que agora conhecem sua obra.
Mas, ética seria ser fraterno, simpático, agradável, disciplinado?
Principalmente consultores de “internet” propagam a ideia da bondade, de atitudes respeitosas e carinhosas e valorização das pessoas em qualquer circunstância.
A vida real é competitiva, e isso é essencial ao sucesso e à própria sobrevivência.
Quem aceitaria como técnico de suas seleções pessoas escolhidas por critérios neutros? Alguém, podendo, optaria por atendimento médico padrão, desprezando o melhor? Procuraria se apaixonar por pessoas que seu íntimo rejeita?
A hipocrisia é extremamente prejudicial à vida em geral. Tudo o que consideramos bom ou ruim pode ser visto de forma relativa, pois, acima de tudo, existe o desafio da própria sobrevivência. Ninguém nasce marcado para viver e morrer de um determinado jeito. Fantasticamente podemos superar barreiras incríveis, de modo geral derrotando adversários.
Com a invenção da internet surgiu a figura do hacker, é ruim? Graças a esses vândalos dos sistemas que usam computadores e chips o mundo WEB não para de evoluir. A negação exige solução ou valida a alternativa.
A ética é argumento exaustivo e mal-usado.
Precisamos ter padrões morais, saber e procurar viver dentro de limites santos e amáveis. Isso é possível sempre?
Não!
Ao longo da vida de pessoas e empresas de sucesso vemos exaustivamente a competição, vencendo o mais forte, capaz, determinado etc. No mundo moderno isso faz dos Estados Unidos da América do Norte, por exemplo, a pátria dos melhores e mais eficazes projetos.
Eles não vencem apenas, nós nos deixamos perder. Temos, no Brasil, a lógica cristã do perdão, da comiseração, da aceitação dos mais fracos quando o assunto não é futebol, namoro, política e coisas assim.
O resultado da flacidez é a degradação de organizações públicas e privadas, normalmente dominadas por famílias, corporações fortes e pessoas voluntariosas, eventualmente medíocres.  A mediocridade é um tremendo indicador do mau uso da ética, é isso que queremos e precisamos?
Não podemos esquecer que os desafios em relação à sobrevivência de toda a Humanidade crescem continuamente em torno da sustentabilidade em muitos sentidos, da saúde à oferta de oportunidades de trabalho. Precisamos educar para a luta, para a vontade de enfrentar qualquer situação.
Se o Planeta tiver (e vai ter) grandes transformações só os mais fortes, capazes e bem preparados sobreviverão, se isso for possível. Atenção, o gigantismo é um fator negativo, será que o crescimento físico contínuo do ser humano será uma vantagem? Isso é mostrado à exaustão em filmes de ficção; os homensauros, violentos, musculosos e armados com equipamentos misturando espadas com raios de energia luminosa (é bonito) que viabilizam o confronto de heróis contra bandidos (feios, repulsivos), que mentira!
Sempre, a qualquer momento, as transformações poderão acontecer, principalmente pelas mudanças naturais do Universo.
Se nada de anormal aparecer a própria vida impõe a todos nós desafios crescentes e constantes. O ato de envelhecer é cruel, apesar da magnanimidade da indolência intelectual que vai dominando nossas mentes.
O fundamental é como o jovem e o adulto se comportarão. Nessa fase da vida todos os bons e maus predicados se transformarão em sucesso ou insucesso.
Michel Foucault falava muito da estética da vida. Sim, queremos um figurino que nos dê orgulho, que seja publicável. O que desejamos ser?
A ética que viermos a adotar, conscientemente ou não, será decisiva ao sucesso de nossa vida. Assim, se a intenção for ser dono de suas vontades, precisamos pensar bem no que queremos e poderemos fazer.
Nada pior do que ter vergonha e arrependimentos tardios.


Cascaes
Curitiba, 27 de julho de 2017

Bertrand Russell. s.d. 24 de 7 de 2016. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Bertrand_Russell>.
Descartes, René. Significado de Penso, logo existo. s.d. 24 de 7 de 2016. <http://www.significados.com.br/penso-logo-existo/>.
Heidegger, Martin. Introdução à Filosofia. Trad. Marco Antonio Casanova. São Paulo: wmfmartinsfontes, 2009.
Lopes, Paulo. Bertrand Russell, ateu famoso. s.d. <http://www.paulopes.com.br/>.





[1]Wikipédia em 25 de julho de 2016 - Martin Heidegger (Meßkirch26 de setembro de 1889 — Friburgo em Brisgóvia26 de maio de 1976) foi umfilósofo alemão. É um dos pensadores fundamentais do século XX - ao lado de RussellWittgensteinAdornoPopper e Foucault - quer pela recolocação do problema do ser e pela refundação da Ontologia, quer pela importância que atribui ao conhecimento da tradição filosófica e cultural. Influenciou muitos outros filósofos, dentre os quais Jean-Paul Sartre.

[2] Wikipédia em 25 de julho de 2016 - René Descartes (La Haye en Touraine31 de março de 1596 – Estocolmo11 de fevereiro de 1650[1] ) foi umfilósofofísico e matemático francês.[1] Durante a Idade Moderna, também era conhecido por seu nome latino Renatus Cartesius.
Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na filosofia e na ciência, mas também obteve reconhecimento matemático por sugerir a fusão da álgebra com a geometria - fato que gerou a geometria analítica e o sistema de coordenadas que hoje leva o seu nome. Por fim, foi também uma das figuras-chave na Revolução Científica.
Descartes, por vezes chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o "pai da matemática moderna", é considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental. Inspirou contemporâneos e várias gerações de filósofos posteriores; boa parte da filosofia escrita a partir de então foi uma reação às suas obras ou a autores supostamente influenciados por ele. Muitos especialistas afirmam que, a partir de Descartes, inaugurou-se o racionalismo da Idade Moderna.[2] Décadas mais tarde, surgiria nas Ilhas Britânicas um movimento filosófico que, de certa forma, seria o seu oposto - o empirismo, com John Locke e David Hume.

[3] Wikipédia em 24 de julho de 2016 - O fim justifica os meios ou Os fins justificam os meios é uma frase que, atribuída a Maquiavel, quer significar que os governantes e outros poderes devem estar acima da ética e moral dominante para alcançar seus objetivos ou realizar seus planos.
Em sua principal obra, "O Príncipe", Nicolau Maquiavel, cria um verdadeiro "Manual de Política", sendo interpretado de várias formas, principalmente de maneira injusta e pejorativa; o autor e suas obras passaram a ser vistos como perniciosos, sendo forjada a expressão "os fins justificam os meios", não encontrada em sua obra. Esta expressão, significando que não importa o que o governante faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão mesma não se encontra no texto, mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiavélico.
Comumente escuta-se que o fim justifica os meios numa alusão de que "certos" fins podem, ou devem, ser alcançados através de métodos não convencionais, ou anti-éticos, ou violentos. Este conceito é utilizado com freqüência numa tentativa de minimizar os meios violentos utilizados na guerra, na justificativa de leis severas e repressões impostas a grupos sociaisou religiosos ou étnicos, ou ainda, mas em crescente desuso, na justificativa de sistemas e métodos educacionais rigorosos e punitivos.
Este silogismo defendido pela doutrina do Bem Superior é diretamente contrária à doutrina cristã, que diz exatamente o contrário: O fim não justifica os meios. No entanto, a própria frase parece vir de um manual de ética escrito em 1645 pelo teólogo jesuíta Hermann Busenbaum (Medulla theologiae moralis). Lê-se: cum finis est licitus, etiam media sunt licita ("Quando o fim é bom, também são os meios").

[4] Wikipédia em 24 de julho de 2016 - Bertrand Arthur William Russell, 3.º Conde Russell OM FRS[1] (RavenscroftPaís de Gales18 de Maio de 1872— Penrhyndeudraeth, País de Gales, 2 de Fevereiro de 1970) foi um dos mais influentes matemáticosfilósofos elógicos que viveram no século XX. Em vários momentos na sua vida, ele se considerou um liberal, um socialista e um pacifista. Mas, também admitiu que nunca foi nenhuma dessas coisas em um sentido profundo.[2] Sendo um popularizador da filosofia, Russell foi respeitado por inúmeras pessoas como uma espécie de profeta da vida racional e da criatividade. A sua postura em vários temas foi controversa.[3]
Russell nasceu em 1872, no auge do poderio económico e político do Reino Unido, e morreu em 1970, vítima de uma gripe, quando o império se tinha desmoronado e o seu poder drenado em duas guerras vitoriosas mas debilitantes. Até à sua morte, a sua voz deteve sempre autoridade moral, uma vez que ele foi um crítico influente das armas nucleares e da guerra estadunidense no Vietnã. Era inquieto.[4]
Recebeu o Nobel de Literatura de 1950, "em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento".[5]

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Ponderações sobre crime e culpa

Ponderações – Crime e castigo

(Quem não tiver pecado atire a primeira pedra)

Vivemos tempos inseguros, complexos. Assim, nada como procurar entender a mente daqueles que são qualificados como criminosos.
O cérebro é um arquivo, processador, produtor de software e hardware, ligado eletricamente e quimicamente a muitas glândulas, sensores, etc.
O que temos acima da cabeça só recentemente começou a ser realmente entendido, antes dependia mais da observação do comportamento humano. Freud e Jung deram início a uma cultura avançada que se completa com o trabalho de historiadores, sociólogos, filósofos, médicos, cientistas de primeira linha etc.
Livros imperdíveis serviram de base para essas ponderações amadoras: (Carcereiros), (Foucault, Vigiar e Punir), (Foucault, História da Loucura), (Memórias, Sonhos e Reflexões), (Sandel) e outros dos quais alguns registrei em  (Cascaes, Livros e Filmes Especiais).
Muito mais vimos, ouvimos e lemos ao longo dos anos assim como passamos por experiências fascinantes nesses temas: Justiça, Culpa, Crime, Inocência, Mérito, enfim Julgamentos que fazemos continuamente de tudo e todos. Mergulhando pessoalmente em bons livros e filmes ganhamos padrões de sensibilidade reforçados em atividades políticas e sociais ao longo de décadas de militância e, finalmente, no voluntariado.
Assim, na arrogância do tempo fazemos essas afirmações. Entre muitas, a Justiça humana e seus instrumentos merecem atenção especial.
É bom pensar nas bases da Justiça (Justiça). Isso exige saber detalhes sobre a natureza e história do ser humano. Leis, o que significam diante da imensidão de fatores que afetam a personalidade e decisões de cada indivíduo? É correto criar infinitas leis e acessórios para regular a vida humana?
Temos uma estrutura perfeita de organização dos Poderes? É realista? Eficaz?
Nada melhor do que observar os resultados para saber se vivemos em um quadro institucional compatível com a nossa capacidade de disciplina, criatividade, inovação, liberdade, sanidade, liberdade, etc. Nascemos e vivemos aqui, assim nossa pátria é o principal objeto de crítica e extensão à Humanidade. Tudo indica que no Brasil as perversões e irrealidades, rituais, crenças, lógicas e quase tudo são fantasias que vestimos conforme as oportunidades, principalmente quando estiver em foco o comportamento alheio. Neste cenário devemos fazer questionamentos e colocar hipóteses para que possamos, pelo menos, fazer ajustes possíveis, necessários e suficientes.
A ética nacional veio de cima para baixo, se podemos dizer isso. Entre seres humanos pré-colombianos aqui residentes, escravos, imigrantes, degredados, aventureiros e senhores “nobres” a nação brasileira produziu personalidades diferentes, mas com muitos defeitos importados e inéditos, criados nessas bandas tropicais.
Não é nosso objetivo falar do povo brasileiro, assim voltemos ao tema principal.
Qual é a materialidade do comportamento e caráter? Faz sentido atribuir culpa, punir?
A experiência com pessoas que envelhecem, nós mesmos, mostra como dependemos de muita química e estruturas internas e externas quando decidimos e agimos dentro de um padrão ou de outro.
Na Medicina encontramos exemplos radicais de mudança de personalidade a partir de intervenções cirúrgicas [ (Psicocirurgia), (Lobotomia), ] e utilização de medicamentos.
A utilização de drogas é o caso mais comum de afetação radical de comportamento nesses tempos de comércio universal. Remédios, calmantes, estimulantes, bebidas alcoólicas são o quê?
Ideologias e religiões ainda criam homicidas e suicidas surpreendentes, heróis ou mártires para alguns, terroristas para o entendimento de outros, acima de tudo vítimas da mídia que induz os jovens aos “esportes radicais e assemelhados”.
Precisamos, contudo, compreender, saber alguma coisa desse imenso universo que existe dentro e fora de nós.
E a Justiça?
Julgar, condenar ou absolver, decidir sobre o que fazer com alguém que “pecou” gravemente?
Evidentemente o Poder Judiciário precisa existir.
Como seria uma sociedade sem limitações e punições a assassinos, delinquentes, estelionatários, quadrilheiros etc.?
Demonizamos quem foge ao que é legalmente estabelecido por nossos políticos e sacerdotes, pregadores, repórteres, amigos...
Tudo o que transforma jovens, adultos e idosos em bandidos é objeto de uma infinidade de leis, decretos, regulamentos etc.; com base em que princípio filosófico construímos esse monstrengo burocrático que foge das soluções e trata dos efeitos?
A Humanidade segue leis darwinistas (Seleção natural) que certamente não atendem a vontade de muitos afinados com teses religiosas, mas essa é minha opinião e me dou ao direito de expressá-la.
Talvez estejamos convergindo para conceitos realmente saudáveis, mas, de modo geral, demoramos demais para amadurecer sentimentos de liberdade, fraternidade e igualdade. Nesse momento da história da Humanidade a sensação é exatamente oposta. A radicalização e o retrocesso em relação aos Direitos Humanos são assustadores, flagrantes de um “homo non sapiens”.
O Estado em geral é organizado para fazer acontecer as vontades de elites poderosíssimas.
A percepção de que isso existe, contudo, é um tremendo passo a favor das soluções, entre muitas as principais são a transparência absoluta para qualquer atividade, profissão, projeto, corporação, o acesso à cultura universal, descobertas científicas...
Felizmente a universalização das fontes de cultura e educação acontece graças a instrumentos criados por cientistas, viabilizados por investidores e ainda, infelizmente, sob estrita submissão ao capitalismo intelectual frequentemente radical, talvez o pior de todos.
A Tecnologia usada de forma adequada, como insiste em dizer Domenico de Masi (Domenico De Masi) em seus livros, palestras e entrevistas é a esperança de um futuro melhor, talvez por efeito de novas preocupações ambientais, sociais, de sustentabilidade com dignidade.
Lógicas de comportamento e valores subjugam, atualmente, os seres humanos num período em que todos poderiam ser beneficiados pelos progressos tecnológicos.
Temos religiões, confrarias, seitas, ideologias, clubes esportivos, famosos e famosas, ou seja, muitos figurinos que misturados afastam a pessoa negligente da educação e dúvidas que deveria cultivar a favor da Humanidade e da própria felicidade.
Vivemos tempos inseguros que ilustram tristemente nossas limitações.
Neste cenário existe a Justiça...
Até onde a Justiça existe?
Qual?
No Brasil os custos da corrupção endêmica atingiram limites absurdos; a Operação Lava Jato (Cascaes, As delações premiadas e a Operação Lava Jato) abriu nossos olhos e o comportamento diário dos Três Poderes deixa-nos mais confusos, qual será o final desse esforço de ajustes e teatro de absurdos?
Teremos então uma Justiça Revolucionária? Nas mãos e cabeças de quem?
Os brasileiros escalam montanhas perigosíssimas, principalmente aqueles que sonham com um Brasil mais justo, sério, honesto. Basta andar de forma atenta pelas cidades para descobrir desvios lamentáveis.
Sim, ninguém tem culpa absoluta do que fez de errado, todos erram eventualmente com a convicção de estarem certos, justos; e aqueles que se transformam em feras, bandidos, hostis à sociedade são em si vítimas de origens, DNA e acidentes, incidentes e muito mais; afinal não escolheram seus pais, ambiente de desenvolvimento intelectual, capacidade de raciocínio, glândulas e tudo o mais.
Por isso, exatamente por isso precisamos acreditar na Democracia que construímos, na esperança de que evoluindo, corrigindo excessos, educando, exercitando-se a partir de algum limiar no futuro ela venha a ser saudável e nos encha de orgulho.
Em tempo, é altamente válido lembrar que a perfeição nunca existirá.
Cascaes
Curitiba, 21 de julho de 2016

2013, Wikipédia dezembro de. Lobotomia. s.d. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lobotomia>.
2013, Wikipédia em dezembro de. Psicocirurgia. s.d. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicocirurgia>.
Cascaes, João Carlos. s.d. .
—. As delações premiadas e a Operação Lava Jato. 8 de 3 de 2016. <http://afavordademocracianbrasil.blogspot.com.br/2016/03/as-delacoes-premiadas-e-operacao-lava.html>.
Domenico De Masi. s.d. 13 de 7 de 2016. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Domenico_De_Masi>.
Foucault, Michel. História da Loucura. Trad. José Teixeira Coelho Neto. 1 vols. São Paulo: Pespectiva, 1972.
—. Vigiar e Punir. Vozes, s.d.
Justiça. s.d. 13 de 7 de 2016. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Justi%C3%A7a>.
Quem não tiver pecado atire a primeira pedra. s.d. 21 de 7 de 2016. <https://imagensbiblicas.wordpress.com/2008/07/29/quem-nao-tiver-pecado-atire-a-primeira-pedra/>.
Sandel, Michael J. JUSTIÇA O que é fazer a coisa certa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
Seleção natural. s.d. 13 de 7 de 2016. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Sele%C3%A7%C3%A3o_natural>.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

GARANTIAS, GARANTIAS – “é um ver se te avias”…



GARANTIAS, GARANTIAS – “é um ver se te avias”…

O consumidor adquire um telemóvel, com se fora novo, num estabelecimento recomendado, surpreendendo-se ao dar-se conta de que nele figura já uma extensa lista telefónica.
Um computador pessoal é adquirido também como novo em multinacional de referência, mas apresenta-se sem o selo de garantia, sinal de que se trata de bem usado….
“A F… informa: Trocas de auscultadores e auriculares – só se aceitam nos 30 dias seguintes à compra se estiverem avariados (Decreto-Lei 24/96- artigo 8.º)” (diploma simplesmente… inaplicável!).
E noutro estabelecimento de um grupo transnacional: “Não se aceitam trocas e devoluções de câmaras reflex com embalagem violada ou deteriorada.” (embalagem violada?)
Noutra multinacional de renome, indicações específicas sobre cada um dos modelos de computadores … :
garantia – 2 anos;
bateria – 6 meses;
garantia – 2 anos;
bateria – 12 meses;
Telemóvel … garantia – 2 anos;
 bateria – 6 meses…;
Tablet – bateria – 6 meses…
Veículos automóveis com indicação “regime de bens usados sem garantia”.
Ou então, com o escalonamento que segue:
até … 2 000€ - sem garantia;
de 2000 a 4000€ - 3 meses de garantia;
a partir de 4000€ - 6 meses de garantia.
Automóveis híbridos cuja publicidade insinua que os consumos em auto-estrada, à velocidade-limite, são da ordem dos 3,8 l/100 Km. Mas o consumo real é, porém, de 8, 5…
Ou que a garantia comercial veiculada na publicidade é de 7 anos. No contrato estabelece-se, porém, um sem-número de exclusões, a saber, caixa de velocidade, motor, etc. …
Em todas as hipóteses enunciadas há patente violação da lei das garantias.
As duas primeiras configuram, salvo melhor juízo, crime de fraude sobre mercadorias, passível, ao menos, de pena de prisão de 1 ano e multa até 100 dias.
As mais hipóteses constituem também, na desfaçatez, na sem vergonha com que se apresentam, crassas violações da lei.
Confunde-se, por um lado, as estratégias mercadológicas assentes na oferta “satisfeito ou reembolsado” (15, 30 dias) com a garantia legal de coisas móveis duráveis (2 anos).
A garantia de usados é de 2 anos, a menos que haja acordo das partes (acordo, registe-se!) em contrário, não podendo ser, porém, inferior a 1 ano. Mas o que se não pode é vender um bem usado, sem mais, e no momento em que o consumidor, após um ano, se propuser denunciar uma desconformidade (um vício, um defeito, uma avaria…), fecha-se-lhe a porta, dizendo-se simplesmente, sem suporte factual, que a “garantia é de um ano”…
E de nada valem também as grelhas com graduações aquém garantia legal porque “garantia ilegal, a 2 anos é igual”…
Quem defrauda o consumidor não tem quem lhe valha na dor… . 
A garantia é “a garantia toda de toda a coisa”. Se a garantia legal é de 2 anos, não pode a bateria ser garantida por 6 ou 12 meses.
Mas se a publicidade aponta para um consumo infinitamente inferior ao real, a lei da garantia aplica-se em pleno: o consumidor pode pôr termo ao contrato, devolvendo o veículo e exigindo a restituição do preço. Porque há notória desconformidade perante as declarações públicas da marca.
O que se oferece, sem restrições, na publicidade, não pode no cupão da garantia restringir-se. Sete anos são 7 anos: garantia toda de toda a coisa. A publicidade prevalece sobre as limitações previstas no contrato.
Importa precavermo-nos! As ilegalidades grassam no mercado… em detrimento do consumidor! Os exemplos são reais. Nada têm de fictício!

Mário Frota
Presidente da apDC


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